Livro resgata a trajetória do primeiro hotel de luxo do estado

Tradicional Hotel da Bahia
A Tarde

 

A trajetória de 60 anos do Hotel da Bahia (1952 – 2012), marco da arquitetura e da arte moderna em Salvador, ganha registro literário. Ao longo de 132 páginas, os leitores poderão reviver a arquitetura, design de interiores, costumes da época, conjunto de bens culturais e conhecer detalhes do processo de tombamento do hotel que garantiu sua preservação e o incorporou ao “patrimônio cultural do povo baiano”. Em evento para convidados, o lançamento da obra “Hotel da Bahia: 60 anos” (Editora Claudiomar Produções e Artes Gráficas, 2013)  será realizado nesta terça-feira, 04 de junho, a partir das 19h, no Sheraton Bahia Hotel, Campo Grande, que opera desde 8 de maio deste ano.

Com prefácio assinado pelo editor Claudiomar Gonçalves, que também assume a organização da coletânea, “Hotel da Bahia: 60 anos” reúne apresentação de Guilherme Paulus, presidente da GJP Hotels & Resorts e textos de Nivaldo Andrade, arquiteto, urbanista e atual presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil – departamento da Bahia (IAB-BA); Paulo Gaudenzi, que dirigiu o projeto de reforma e modernização do Hotel da Bahia pela GJP Hotels & Resorts; Francisco Senna, arquiteto, urbanista; André Sá e Flávia Foguel, também arquitetos e urbanistas; Matilde Matos, crítica de arte; e José Dirson Argolo, restaurador de obras de arte.

“Esperamos que o público aprecie o livro que reúne textos de artistas e personalidades da Bahia que tiveram a vida marcada pelo hotel”, destaca o editor Claudiomar Gonçalves, que assina o prefácio. A publicação bilíngüe tem tiragem de 3 mil exemplares e será distribuída gratuitamente aos Centros de Memória e arquivos de Fundações Culturais de diversas cidades em todo o Brasil, onde poderá ser consultada. A obra é uma realização da Claudiomar Produções  e do Ministério da Cultura, através da Lei de Incentivo à Cultura e tem patrocínio do Bradesco, Consplan, Sertenge e Credit Suisse e apoio do Grupo GJP Hotels & Resorts.

História - No dia 24 de maio de 1952, a inauguração do Hotel da Bahia foi o destaque dos jornais da época. Então iniciada, a saga do imóvel histórico - o primeiro do Nordeste a ser construído em arquitetura moderna - foi documentada no capítulo “Um patrimônio cultural do povo baiano” pelo arquiteto e urbanista Nivaldo Andrade. O texto aborda a concepção do Hotel da Bahia pelos arquitetos Diógenes Rebouças e Paulo Antunes Ribeiro e destaca sua construção e inauguração, além de apresentar as obras de famosos artistas plásticos, as reformas e ampliações a que esteve sujeito e o encerramento de suas atividades em 2010.

O presidente IAB-BA também conta que diante da notícia de que o Hotel da Bahia seria leiloado e temendo que tivesse outro destino caso não fosse arrematado por empresa do ramo hoteleiro, encaminhou, à época, como vice-presidente do IAB-Ba, o pedido de tombamento do imóvel, contando para tanto com o apoio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

Reforma - Depois de arrematar o imóvel em leilão pela GJP Hotels & Resorts, o presidente do Grupo, convidou o amigo Paulo Gaudenzi, ex-secretário de Turismo do Estado da Bahia, para firmar uma parceria responsável pela promoção de uma criteriosa remodelação do imóvel, restauração de suas obras de arte e a aquisição de outras tantas. Paulo Gaudenzi assina o texto “Octávio Mangabeira, um arquiteto político”.

Desde 2010, Gaudenzi dirige para a GJP Hotels & Resorts o projeto de reforma e modernização do Hotel da Bahia. Foi dele a ideia de editar o livro “Hotel da Bahia – 60 anos”. Ao economista também coube a tarefa de documentar, na publicação, a relevância do governador da Bahia Octávio Mangabeira, o qual contribuiu decisivamente para que o projeto se transformasse em realidade. “O governador Mangabeira, homem público, quase unanimidade entre os baianos, político de grande visão, deslumbrou ações e obras muito importantes para a educação, cultura e desenvolvimento econômico e social da Bahia”, destaca Gaudenzi. 

A volta do glamour - Já o arquiteto e urbanista Francisco Senna assina o capítulo “A Volta do Glamour”. Nele, o autor salienta quão intenso foi o relacionamento da sociedade baiana com o hotel, elegendo-o como palco de grandes eventos, solenidades de destaque, bailes comemorativos, concertos musicais, festas dançantes e desfiles de moda, além de rememorar brasileiros e estrangeiros ilustres que marcaram ali sua presença. “É motivo de regozijo nos dias atuais a ‘volta do glamour’ que caracterizou o Hotel da Bahia no passado”, destaca Senna.

Estilo modernista - “O Diálogo da Arquitetura”, texto assinado pelos urbanistas André Sá e Flávia Foguel, destaca que a reforma do hotel, confiada ao escritório André Sá e Francisco Mota Arquitetos, modernizou o empreendimento, sem abrir mão das características intrínsecas do imóvel tombado ao patrimônio material da cidade. A retomada do estilo modernista foi marcada pela sofisticação e sobriedade, proporcionando mais conforto aos ambientes do interior do hotel, lhes conferindo o luxo e o glamour de que se hoje se revestem.

Arte valorizada - O penúltimo capítulo, “Renascimento Glorioso”, é assinado pela crítica de arte Matilde Matos, que remete o leitor à época em que a cidade viu nascer o hotel, contemplado por salões de arte montados em suas dependências. “No livro, fazemos alusão a cada um dos espaços premiados com as obras de arte visuais que o hotel foi abrigando no decorrer do tempo até o seu renascimento glorioso”, conta Matilde.

Acervo histórico - Para fechar, o restaurador de obras de arte, José Dirson Argolo assina o texto “Obras de Arte voltam a brilhar”, em que explica de que modo, sob seu comando, um meticuloso e refinado trabalho permitiu que as valiosas obras de arte que compõem o acervo artístico do hotel voltassem a “brilhar”.

Com 268 quartos e 16 suítes, graças ao trabalho de restauração o Sheraton da Bahia Hotel exibe uma verdadeira galeria de arte, composta de aproximadamente 400 obras de arte, entre as quais os painéis de Carybé (1984), fotos de Pierre Verger, pintura de Genaro de Carvalho (1950) – um dos maiores painéis no Brasil, além de produções de outros artistas renomados como Caetano Dias e Tati Moreno.